Há anos, os brasileiros têm sofrido com o alto valor das contas de luz. A principal causa para essa desagradável situação está na dificuldade em gerar energia suficiente para atender às necessidades da população.
Como a principal fonte de eletricidade no Brasil é proveniente das hidrelétricas, a escassez de chuvas pode desencadear uma grave crise energética, que recai sobre os preços das faturas de energia.
Porém, é possível que um fenômeno natural, como a falta de chuvas, não influencie drasticamente na capacidade de gerar eletricidade. Para isso, é preciso que o país trabalhe sobre fatores tanto ambientais quanto políticos e econômicos.
Acompanhe este artigo para entender como essas 3 áreas – política, econômica e ambiental - influenciam a crise energética brasileira e entenda como ela pode ser evitada.
O que é uma crise energética?
As crises energéticas correspondem aos períodos em que há dificuldade para realizar o abastecimento de energia à população.
É possível perceber que a gravidade da crise energética de um país dependerá da diversificação e eficiência da matriz de energia.
Assim, quando as principais fontes da matriz energética estão comprometidas, elas passam a produzir menos eletricidade. Com isso, a crise se inicia, tendo seus efeitos recaindo sobre o preço dos bens de serviço, das contas de luz, afetando a produtividade econômica, entre outros problemas.
Causas da crise energética brasileira
No caso do Brasil, a baixa diversificação da matriz energética é uma das principais causas para a crise, assim como a grande dependência pela fonte de energia hidráulica.
As hidrelétricas possuem cerca de 66% de participação na matriz, como pode ser observado na tabela abaixo.
Portanto, quando as chuvas se tornam escassas, os reservatórios das hidrelétricas se esvaziam, impedindo a produção plena de eletricidade. Dessa forma, fontes alternativas de energia passam a ser utilizadas.
Constituindo 22% da matriz do país, as termelétricas são usadas para suprir essa demanda. Infelizmente, essa fonte é considerada não-renovável, poluente, além de ser mais cara. Assim, seu uso traz impactos negativos para o meio ambiente e para o bolso do consumidor.
Além disso, as demais fontes de energia podem não ser capazes de suprir a baixa produção das hidrelétricas caso estas estejam com seus reservatórios em um nível extremamente crítico. Desse modo, a crise energética se intenciona, podendo ocasionar situações de racionamento e apagões.
Para agravar ainda mais a situação, há falta de planejamento do poder público para realizar o investimento necessário com relação à produção e distribuição de energia.
Com isso, nota-se que o sistema elétrico do país não se encontra modernizado, assim como faltam estímulos para a produção de eletricidade por meio de outras fontes renováveis e limpas, como a energia eólica e a energia solar.
Panorama da crise energética no Brasil
A crise energética no Brasil não é um problema recente. Há anos, o país tem enfrentado dificuldades com a escassez de chuvas e, consequentemente, com a baixa da produção de energia.
Separamos para você alguns acontecimentos e períodos marcantes na história de nosso Estado envolvendo as crises energéticas.
Apagão de 2001
A primeira grande crise energética brasileira se iniciou em julho de 2001, durando até fevereiro de 2002 e atingindo os brasileiros em proporção nacional.
A seca enfrentada durante esse período impactou drasticamente os níveis dos reservatórios das hidrelétricas. Além disso, o país vivenciava uma época em que os investimentos destinados à produção e distribuição de energia elétrica haviam cessado.
Devido à gravidade da situação, algumas medidas foram decretadas com o objetivo de reduzir o consumo de energia. Entre essas providências, podemos citar:
- Cortes programados na energia;
- Aplicação de taxas e multas nas contas de luz daqueles consumidores que não realizassem economia de energia;
- Redução da iluminação pública;
- Proibição de eventos musicais e esportivos durante a noite.
Infelizmente, essas medidas não impediram que a crise energética trouxesse graves consequências para o país, como:
- Diminuição da produção industrial;
- Queda drástica das atividades produtivas;
- Aumento dos preços dos bens de consumo;
- Perda de competitividade econômica;
- Aumento do desemprego.
Como pode ser percebido, a crise energética também gerou uma intensa crise econômica, que por sua vez implicou em uma crise política, visto que o presidente da época – Fernando Henrique Cardoso – passou a receber duras críticas, desgastando sua imagem frente à população.
Crise energética de 2015
Enfrentada pelas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a crise energética de 2015 foi uma das mais intensas.
Sua causa também apoia-se na escassez das chuvas que acabaram por diminuir as reservas de água das hidrelétricas e, na época, os estados afetados passaram a adotar críticas medidas de racionamento de água.
Apagão em Amapá
Em novembro de 2020, 13 municípios do estado do Amapá enfrentaram, por cerca de 22 dias, a interrupção do fornecimento de energia.
Devido a um incêndio que acometeu os transformadores de uma subestação amapaense, 90% da população da região ficou sem acesso à eletricidade.
Crise energética em 2021
Durante esse ano, o país enfrentou a pior crise hídrica dos últimos 91 anos. Consequentemente, a crise energética também esteve atrelada.
De acordo com o Operador Nacional do Sistema (ONS), as regiões Centro-Oeste e Sudeste operavam com 20,66% da capacidade dos reservatórios de suas hidrelétricas. Já no Sul e Nordeste, essa capacidade atingiu 26,47% e 48,53% respectivamente. Apenas na região Norte, os reservatórios operavam com a capacidade ideal – acima de 60% - atingindo 69,44%.
Como consequência, o aumento no custo de energia para os consumidores no ano de 2021 foi de mais de 7%, elevando esse valor para 21,04% no ano seguinte.
É possível afirmar que o desmatamento e as queimadas ocorridas nos biomas brasileiros também foram responsáveis pelo agravamento da crise hídrica. A degradação da fauna e da flora interferiram diretamente na circulação atmosférica, evitando que ocorresse a natural transferência de umidade da Amazônia para as demais partes do país.
Percebe-se, assim, que a falta de cuidados ambientais e do planejamento estratégico do governo, assim como a dependência de nossa matriz energética pelas hidrelétricas são as grandes causas da crise energética brasileira nos últimos anos.
Consequências de uma crise energética
Como vimos, uma crise energética é capaz de alavancar desequilíbrios também no âmbito ambiental, econômico e político.
Nesse contexto, destacamos para você as principais consequências que uma crise energética pode trazer a um país como o Brasil.
- Aumento dos custos da energia elétrica;
- Diminuição da produtividade industrial;
- Encarecimento de produtos e serviços;
- Risco de racionamento e apagões;
- Perda de credibilidade pelas instâncias políticas, em especial pelo Presidente;
- Aumento da degradação ambiental, visto que, em uma crise energética, fontes não renováveis e poluentes passam a ser mais exploradas.
Como impedir uma crise energética?
Sabe-se que, quando há uma crise energética, o governo brasileiro tanta amenizá-la optando por medidas de restrição ao consumo de energia, como aumento da conta de luz. Além disso, também passa-se a usar com mais intensidade as termelétricas.
Entretanto, essas medidas não são ideais e, por isso, o governo e a população devem buscar adotar políticas e atitudes que impeçam a crise energética de sequer iniciar.
Uma solução eficaz seria diversificar ainda mais a matriz energética, criando incentivos para o uso de fontes de energia limpas e renováveis, que não gerem impactos para o meio ambiente.
Entre essas fontes, podemos citar:
- Energia solar;
- Energia eólica;
- Energia maremotriz;
- Energia geotérmica;
- Energia hidráulica.
Em todo o mundo, as principais referências para a geração limpa de eletricidade são as energias eólica e solar.
Atualmente, no Brasil, a energia solar possui cerca de 2% de participação na matriz energética. Entretanto, essa é a fonte de energia que possui maior potencial de crescimento em nosso país.
Devido à extensão de seu território e a seu posicionamento no globo, o Brasil recebe constantemente uma alta incidência de raios solares, possuindo, assim, um enorme potencial energético quando se trata de produção de energia solar.
Portanto, investir em incentivos, como financiamentos, a fim de incentivar a população a adotar usinas solares em suas residências, empresas e indústrias, poderia ser uma excelente forma de evitar a dependência das hidrelétricas para gerar eletricidade.
Assim, o desenvolvimento de fontes de energia limpa, além de impedir o progresso de uma crise elétrica e diversificar a matriz energética, também beneficia o meio ambiente – por não emitir gases poluentes ao gerar eletricidade - e diminui os custos do consumidor – por gerar eletricidade a partir de recursos renováveis, que são mais baratos.
Por fim, como medida para impedir o desenvolvimento das crises elétricas, o governo deve também investir em campanhas de conscientização, com o objetivo de induzir uma diminuição voluntária, por parte da população, do consumo de energia.
Você pode contribuir para evitar a crise energética!
Utilizar energia com consciência, evitando desperdícios, é uma forma de contribuir para que a crise energética seja remediada.
Entretanto, se deseja atuar de maneira ainda mais eficiente, instalar uma usina solar em sua residência, empresa ou indústria pode ser a solução ideal!
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